Para J.A.
Eu tive uma visão.
E quanto mais ela persistia
mais firme ficava a certeza de que eu não poderia
(seria mesmo um crime)
a travestir de idéia.
Então no meio da noite
em uma rua escura
sentei numa caçamba de caminhão
daqueles que transportam carros novos para concessionárias.
Um nome estranho gravado em sua porta me atraiu comicamente:
Brazul.
E lá estava eu
entre estruturas metálicas brilhantes e vazadas a pensar, quando um movimento aconteceu. E as ruas começaram a andar. Cruzando o próprio bairro escuro. Onde os bares emitiam luzes fracas. Mesmo sendo os maiores emissores de luz naquela região escura e vazia.
E então eu me lembrei estar na companhia de um amigo momentos antes.
Ele estava transtornado, abatido, triste.
Deixamos coisas por falar, pois um abraço valia mais a pena. E ele partiu para sua casa provisória, onde tinha deixado aquarelas disponíveis, porém sombrias.
Lá foi ele ao encontro de suas tintas com quatro latas de cerveja na sacola plástica e mais umas dez na mente, mais conhaque e rivotril.
Alguns dias depois, muitos, perguntarei a ele sobre os desenhos. E mostrarei os meus.
Como estes.
Rio de Janeiro, setembro, 2014.
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