A pequena e o pequeno estão dormindo. Finalmente estamos na varanda, com coisas para fora, como olhar, como atenção. A atenção joga para cima o discurso. Sobra a voz e a frase. Um pouco desarticulada. Mas sincera.
E uma frase sem discurso é muito pura.
E cantos desafinados e sem pretensão.
E ouvimos as palavras duras
elas caem sobre nos sem distorções
e são pesadas e racham de sucos apodrecidos e maduros
e essa coisa visseja
à procura
de um discurso
que não está mais lá
E quando a intensão pisa em falso
sem apoios e confortos
da forma
se espirracha e lambusa o chão
a boca também
o receptor e o provavel objeto de intensões
só som
e não significado
E veja,
se foram o discurso e o significado
a sobra serve muito bem e é comunicada
a um suposto ente
já que é difícil definir sujeitos e objetos de um enunciado
sem predicados
E vemos coisas
falamos coisas
sem argumentar
o material
firme e palpável
fala por si
é matéria
de uma fala sem discurso nem enunciado
no centro nós
nossa varanda iluminada
por luzes sem definição
que focam olhos
com precisão
da sorte
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