(Para H.)
Há sombras nesse quarto branco
e suas finalidades extrapolam
as definições
dos objetos
que fazem sombras.
E quando você entra nesse quarto
As intenções escapam pelos cantos
que fazem sombras
sem ligar pros objetos
que fazem sombras.
Então ele ajoelha para pensar
e ela estica as pernas no sofá
e as tatuagens que deveriam estar alí
dialogam bem mais que os cantos,
as sombras
os objetos
e os corpos.
Há um corpo que anda
e a rua afunda
quando ele pensa
na sombra
e seus desenhos
e velas e luzes e copos
que ele não bebe
o outro.
E um outro
corpo.
Deitado no chão
imprimindo coisas no chão.
ou na cama
inchando as pontas
dos dedos,
das pernas,
caçando as sombras
afundadas nas ruas
nos cantos
de quartos brancos
infiltrando a projeção do outro
corpo
como se fosse real o suficiente para infiltrar
como se tivesse brechas
ele
e o outro.
E às vezes,
dois corpos em plano
Abrem as palmas
e ouça
uma das sombras
grita.
Dois corpos
na mesa
um plano
dois corpos
entalam sopros
e ouça.
Movem
respiram
mexem
um como outro
um só de fato
pedaço
de pele
apalpando suores e óleos em 360 graus.
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