quarta-feira

infância

Estou na cama. Cortinas abertas. Está escuro lá fora, apesar dos postes de luz e dos carros. Ouço vozes abafadas por trás da porta e o riso da minha mãe. Hoje tem visita em casa. Eu gostaria de estar com eles, na cozinha.

Encolho-me sob o cobertor. As cortinas estão abertas e a sombra delas, em contraste com o negro por trás dos vidros, assusta. O prédio tem 20 andares. Estou no 15. Alguém poderia, facilmente, amarrar uma corda no telhado, descer atá a minha janela e invadir o apartamento.

Estou deitado. Irrompem, velozes, pela janela, três mulheres praticamente nuas e armadas até os dentes. Elas param ao lado da minha cama. Fitas de couro envolvem as coxas, os braços e o tórax, destacando a nudez do resto do corpo. Suas bucetas estão raspadas.

Uziz nas mãos e AKs à tiracolo. Enquanto eu, paralisado e fascinado, olho, elas me agarram e saltam de volta pela janela e deslizam em suas cordas até a rua. Por alguns instantes fica tudo confuso.

Nenhum comentário: