quinta-feira

Pedro - 1

Pedro olhou para o ventilador na parede e resolveu que seriam sardinhas em conserva portuguesas com cebola, apesar de preferir as grelhadas. De qualquer modo, no Paladino essas eram especiais.

Enquanto esperava, bebia seu chopp e olhava as garrafas de cachaça nas prateleiras enfileiradas. Era uma espécie da labirinto alcoólico que dava para a rua e escondia o bar no fundo da loja. Nem todos que passam pela esquina da Uruguaiana com Marechal Floriano sabem que no fundo da venda de bebidas se acomoda há quase cem anos um dos dinossauros gastronômicos do Rio.

Lá dentro, os vidros acumulam tempos e acolhem os clientes dos ruídos dos carros e da multidão do centro atordoada pelo calor do meio dia carioca. Era meio dia em ponto. E sentado em uma daquelas cadeiras de madeira, mesa regada de peixes pulverizados de azeite, Pedro sentiu o vento dos ventiladores redistribuindo o ar frio e estável, característico dos sobrados e prédios antigos em geral. Quando as paredes eram mais grossas.

Amassando assim as sardinhas com o garfo, misturando com cebolas e salsinha frescas, analisava o cardápio. Pesou as opções. Omelete ou sanduíche?

Os sanduíches seduzem pelo volume dos recheios. Tipo, muito provolone com ovos e copa. Por exemplo o lombo canadense que forma uma camada de uns três centímetros de espessura. Isso tudo sem considerar mais uns dois centímetros de queijo prato. O conjunto se aninhando entre duas fatias de pão francês.

As omeletes, por outro lado, eram quase empanadas de tão fofas e de tão considerável volume de ingredientes variados como presuntos, peixes, legumes e queijos, sendo livre a mistura e as proporções.

Sem ter tomado uma decisão firme ainda, Pedro pensou na Bruna e pediu mais um chopp. 

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